O paraíso deveria ser uma Biblioteca
Se a vida é curta a leitura é longa, aproveite enquanto pode
Enrolei uma vida para escrever aqui, mas com a morte à espreita, estou de volta.
Esse deve ser o post mais pessoal que vou fazer aqui por uma questão simples: tive um AVC há menos de um mês.
Por sorte, karma ou destino, escapei do hospital quase sem sequelas. Quase, porque tu não tem um AVC e sai impune.
Os motivos para o vivente ter um AVC podem ser vários. Depois de passar uma semana na UTI tendo meu corpinho minuciosamente investigado e cuidado, descobri o como, mas não o porquê. A razão do AVC foi: Estresse? Tristeza? Luto? Vergonha? Grêmio? Jamais saberei.
Levantaram as minhas questões familiares, mas não é de hoje que tenho mais livros e quadrinhos do que parentes decentes. Desse modo, quem não se importava comigo não ia se importar se soubesse que eu estava morrendo ou que morri. Ouso dizer que ser ignorado porque quem não presta (ou não tem coração, ou ambos) é um livramento.
No meu processo de sobrevivência há quem diga que fiquei mais obcecado com dinheiro. De jeito nenhum. Na verdade, só fiquei preocupado com o pagamento do hospital...
Mas pensando sobre o fim me ocorreu que até então eu não havia pensado no posfácio. Será que tem alguma coisa ali depois do véu da vida?
Não sou religioso embora goste e pense no Zen. O problema é que o budismo me oferece a Samsara, um motivo para voltar e voltar para este mundo, uma coisa que eu queria evitar se pudesse. Uma coisa é não ter aposentadoria, outra é voltar em cada ciclo desse planeta...
Fosse eu um dinamarquês poderia crer no Valhalla, mas o problema é que não morri em batalha.
O céu cristão (ou a danação eterna) é outro motivo para não se animar.
Gosto dos Campus Elíseos greco-romanos.
Os iorubás tem uma visão interessante, mas tirando a oportunidade conhecer Nanã, não me atrai de verdade.
A opção egípcia de passar pelas divindades e pelo processo da pesagem do coração parece arriscada. Não fiz tanta besteira assim (imagino), mas vai saber se meus arrependimentos pesaram meu coração?
Então, criando minha mitologia pessoal, menos arriscada e mais tranquila e serena, decidi pensar no Paraíso como uma Biblioteca. Sei que Borges já teve essa ideia (acho, o
me confirme), mas a Biblioteca dele certamente seria bem mais sisuda.Minha Biblioteca do Paraíso ou meu Paraíso em biblioteca teria todos os livros que foram e não foram escritos, mas com jardins e muitos ambientes, diferentes ambientes. Cada subdivisão com suas salas temáticas para valorizar e ilustrar os livros, ou se preferir, para cada área da CDU teríamos um ambiente.
Por exemplo, o 004.3 poderia ser uma grande ponte da Enterprise ou Discovery. Alguma coisa Star Trek bem bacana.
Já cada subdivisão do 73 poderia ser em um ambiente diferente. No 730 um jardim de esculturas segurando os livros; 738.5 seriam mosaicos segurando livros em prateleiras especiais e por aí vai.
No 620 poderíamos ter sala em forma de uma Esfera de Dyson e no 82-31 poderia ser uma livraria tradicional ou sala bem característica como temos tantas em bibliotecas clássicas.
De todo modo me sinto reconfortado na possibilidade de pensar nisso agora, já que não empacotei.
Espero que, caso exista um pós, eu possa escolher e ficar no meu Paraíso, na minha Biblioteca do Paraíso. Borges choraria se lesse isso.
Dicas, truques e quebra-galhos do Tarsis
Fiz muitas leituras, mas vou apresentar hoje poucas e uma dica fashion.
A cura da Terra de Eliane Potiguara
Conheci por conta da Semana do Livro e da Biblioteca ou SELIBI. Um livro infantil, sim. Lindo, poético e cheio de significado neste momento que nos voltamos às raízes indígenas para tentar salvar o planeta da destruição que estamos promovendo.
Moína é uma menina muito curiosa que adora se aconchegar nos braços da avó para ouvir histórias. Ela quer entender o sentido de sua vida, as suas transformações. Mas uma história em especial revelará à menina o sofrimento pelo qual seu povo passou, as descobertas e a sabedoria de seus ancestrais e como conseguiram a cura de um de seus bens mais preciosos: a terra. Difícil de comprar, recomendo olhar pela internet e visitar o site da autora, porque vale a pena.
O primeiro gato no espaço e a pizza (quase) impossível
Uma delícia de HQ despretensiosa e engraçada. Imagine que os ratos estão comendo a Lua e para salvá-la (e a Terra) a última esperança da vida na Terra só poderia ser... um gato, claro! Acompanhado da Rainha Lunar e de LOZ 4000, um robô cortador de unhas, o Primeiro Gato no Espaço embarca numa jornada épica para salvar o mundo. Disponível em lojas virtuais por aí. Gostoso e divertido. Vale o investimento.
O gato que amava livros de Sosuke Natsukawa
Comprei por causa do título, claro. Gatos e livros! Mas a história é doce e esconde alguns dilemas. Tudo começa no Sebo Natsuke que fica quase fora da cidade. Quem passava por lá via estantes que iam do chão até o teto, abarrotadas das mais maravilhosas obras literárias. Rintaro Natsuki, um garoto doce, porém recluso, amava aquele lugar erguido pelo avô.
Depois que o avô morre, Rintaro percebe-se só e arrasado: tudo indica que ele precisará fechar a livraria (Sebo)!
É quando surge um misterioso gato malhado – igual ao Haroldo, gato do
Minha última dica saí dos livros e vai para as roupas
É a Folksy, loja de roupas artesanais, estampas lindas. Vale dar uma conferida. Era isso.
Peguem leve e cuidem-se!
Leiam e façam check-up. Não dá pra ler dentro da máquina de ressonância, então leiam na sala de espera.
Tarsis, que linda edição 🧡
Sobre a saúde, mando meu abraço, não é nada simples passar por esses sustos (e enfrentar a conta do hospital).
E já embarquei nessa biblioteca. Uma vez, uns amigos disseram que haveria um purgatório para se ler todos os livros que deixamos mofando pela casa, antes de descansar, hehe.
Cuide-se! 🧡
caramba, cara... espero que esteja melhor, dentro do possível - e que os problemas decorrentes sejam mínimos. aproveite as bibliotecas deste lado de cá. um abraço!